terça-feira, 30 de novembro de 2010

"O pequeno comércio feminino de tipo ambulante, tão comum em Portugal e na Colônia"




Vendedoras de aluá, de manuê e de sonhos no Rio de Janeiro, por volta de 1830,
em estampa de Jean Baptiste Debret

                                                 Disponível em: <http://www.novomilenio.inf.br/festas/carna03.htm

De acordo com a fonte acima, podemos identificar que as mulheres no período colônia, ativeram uma atuação mais ativa nas relações sociais, exercendo atividades comerciais. Segundo Luciano Figueiredo o comércio ambulante representava ocupação preponderantemente feminina, revelou-se fruto de uma transposição para o mundo colonial da divisão de papéis sexuais vigentes na metrópole.

(FIGUEIREDO, Luciano. O avesso da memória: cotidiano e trabalho da mulher em Minas Gerais no século XVIII. Rio de Janeiro: José Olympio, 1993. p.35.)

"Uma senhora em seu lar"

 Uma senhora em seu lar – Debret, Jean Baptiste (1823).

Através da figura acima, podemos analisar e trabalhar em sala de aula, a forma como as mulheres deveriam comportar perante a sociedade, ou seja, ser a senhora do lar. Porém será mostrado em sala de aula, que as mulheres exerciam atividades fora do lar, tendo uma atuação mais significativa para sociedade.  

"Funcionário Público saindo de casa com a família"


(DEBRET, Jean Baptiste. Funcionário Público saindo de casa com a família. In: Álbum de Debret e a mui leal e a história da cidade de são Sebastião do Rio de Janeiro: Cruzeiro, 1965. p.38).


Outro recurso que será utilizado em sala de aula para analisar o período histórico estudado é na utilização de fonte iconográfica, para que os alunos interpretem essas fontes. A fonte a ser utilizada é uma figura do artista Jean Baptiste Debret que retrata um funcionário público saindo s de sua casa com a família, ou seja, através dessa fonte os alunos poderão identificar as formas de vivência em uma sociedade patriarcal, em que o homem era considerado superior. 


Mulheres no Brasil Colonial

“mulher, mulheres: como seriam no passado? O que faziam? Como viviam, ou, melhor sobreviviam? Há uma série de perguntas que podemos nos fazer quando tentamos imaginar, outrora, a vida de uma mulher.
O sistema patriarcal instalado no Brasil colonial, sistema que encontrou grande reforço na Igreja Católica que via as mulheres como indivíduos submissos e inferiores, acabou por deixar-lhes, aparentemente, pouco espaço de ação explícita. Mas insisto: isso era apenas mera aparência, pois tanto na sua vida familiar, quanto no mundo do trabalho as mulheres souberam estabelecer formas de sociabilidade e de solidariedade que funcionavam, em diversas situações, como uma rede de conexões capazes de reforçar seu poder individual ou do grupo, pessoal e comunitário.

(PRIORE, Mary Del. Mulheres no Brasil Colonial. A mulher no imaginário social. Mãe e mulher, honra e desordem. Religiosidade e sexualidade. São Paulo: Contexto, 2003. p.9)

"As mulheres, o poder e a família"

“A par das poucas opções que restavam às mulheres na sociedade brasileira, desde o período colonial e a divisão de incumbências no casamento criaram condições para a afirmação da personalidade feminina, dada a sua influência direta junto à família. Antonio Cândido sugere que a organização do sistema colonial desenvolveu aspectos viris na sua personalidade, que favoreceram o aparecimento de características acentuadas de comando e iniciativa. Não são raros os exemplos de mulheres que, por ausência do marido ou viuvez, zelaram pelo patrimônio da família, gerindo propriedades e negócios. Outras trabalhavam na agricultura e nas pequenas manufaturas domésticas, contribuindo para o sustento da casa. Dessa forma, podemos identificar que essas colocações sugerem novas imagens da mulher na família e na sociedade , com uma participação mais ativa, embora seu papel fosse limitado face a manutenção dos privilégios masculinos.”

(SAMARA, Eni Mesquita. As mulheres, o poder e a família. São Paulo. Marco Zero: Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, 1989. p. 106.)

Comércio Feminino na Colônia

“Minas Gerais, no entanto, não seria a única região do Brasil colonial em que mulheres encarregavam-se do abastecimento de gêneros básicos às populações urbanas, preferencialmente através do comércio a varejo. Luís Mott fornece amplo panorama do pequeno comércio nos principais núcleos urbanos da América Portuguesa, no qual evidencia-se a maciça ocupação feminina, sejam livres, forras, escravas de qualquer cor, inclusive brancas em atividades comerciais, primordialmente na função de vendedoras ambulantes.”

  
(FIGUEIREDO, Luciano. O avesso da memória: cotidiano e trabalho da mulher em Minas Gerais no século XVIII. Rio de Janeiro: José Olympio, 1993. p. 34)

O mito da mulher submissa e do marido dominador

“Provavelmente houve certo exagero dos estudiosos ao transmitirem o estereótipo do marido dominador e da mulher submissa. As variações nos padrões de comportamento de mulheres provenientes dos diferentes níveis sociais indicam que muitas delas trouxeram situações de conflito para o casamento, provocadas por rebeldia e mesmo insatisfação. No século XIX, entre outras razões casais se separaram porque os gênios não se combinavam. Isto significa que o fato das mulheres estarem sujeitas aos casamentos arranjados não garantia a manutenção da união.
Por outro lado, a própria natureza do sistema patriarcal e a divisão de incumbências, no casamento, criaram condições para a afirmação da personalidade feminina, dada a sua influência direta junto à família. No Brasil colonial, a partir do século XVIII, casais provenientes de diversas camadas sociais se divorciaram, resolução que era entendida legalmente pela Igreja e pelo Estado como separação de corpos e de bens, não abrindo mão para os cônjuges possibilidades de novas núpcias.”

  
              (SAMARA, Eni de Mesquita. A família brasileira. São Paulo: Brasiliense, 2004. p.58-67).